O Olho Azul da Falecida


Um viúvo de luto, uma serial killer, um ladrão mancomunado com um agente funerário, um tesouro e um cadáver. Estes são os principais elementos da farsa “O Olho Azul da Falecida”, escrita em 1965 pelo inglês Joe Orton. Com direção de José Henrique, a montagem foi produzida pela Cia Limite 151 em parceria com o ator Marco Pigossi.

Todos os envolvidos já são velhos conhecidos. Em 2007, José Henrique dirigiu outro trabalho da Companhia – formada pelos atores Gláucia Rodrigues, Edmundo Lippi e pelo diretor musical Wagner Campos. A peça, chamada “As Eruditas”, ainda cumpre temporadas pelo Brasil e fala sobre as fraquezas humanas. Agora, cinco anos depois, o diretor recebeu um novo convite. “Aceitei porque gosto muito desse texto e gosto de trabalhar com boa dramaturgia. Além disso, o grupo tem um empenho muito grande em continuar tocando uma peça mesmo depois da primeira temporada. Assim, o nosso trabalho está sempre em cartaz e sendo constantemente reconhecido”, explica Zé Henrique.

A ideia de trabalhar com a obra de Joe Orton partiu do ator Marco Pigossi. Interessado em aprender a trabalhar com produção teatral, ele sugeriu o texto devido à ambiguidade de seus personagens. “O autor é um cara que trabalha muito com as aparências: o que a gente aparenta ser e o que é de verdade. Tem essa brincadeira muito forte, que é também uma crítica a diversas situações. O próprio Zé Henrique fala que o Joe Warton é uma metralhadora solta, atira em todo mundo”, diverte-se Pigossi.

Na trama, o Sr. McLeavy (Elcio Romar) é um homem de luto pela morte de sua mulher.  Seu filho, Hal (Pigossi), assalta um  banco tendo como comparsa o agente funerário Dennis (Helber Agostini), que é também seu amante. Quando o detetive Truscott (Genézio de Barros) começa a investigação e vai até a casa do Sr. McLeavy, a dupla criminosa decide esconder o dinheiro roubado no caixão da mãe. Como não há espaço suficiente, eles escondem o cadáver no armário. Nesse meio tempo, aparece Fay (Gláucia Rodrigues), a enfermeira serial killer responsável pelo assassinato da Dra. McLeavy, que tem planos de se casar com o viúvo e depois matá-lo.

O espetáculo é uma paródia de um gênero muito popular na Inglaterra, chamado “Who’s done it?” (Quem fez?) – peças de mistério que sempre trazem a figura do detetive. “Tem aquela série de armações e coincidências que geram um quiprocó típico do teatro de Vaudeville. Entremeado a isso, muitas cenas com piadas ácidas e jogos de linguagem, que fazem a peça escorregar dentro do estilo absurdo. Além de toda bipolaridade dos personagens. Isso é o enredo da dark farse (farsa negra), no qual tudo é costurado de antemão para que os personagens estejam ao mesmo tempo no lugar errado. Toda a confusão se desenrola a partir dessa coincidência artificial”, frisa o diretor Zé Henrique.

A história gira em torno de Hal, personagem de Marco Pigossi. Mesmo tendo recebido uma criação extremamente religiosa, ele decide roubar um banco no dia da morte da mãe. A ambiguidade também se reflete na sexualidade do personagem: mesmo tendo um caso com o agente funerário, ele não se assume homossexual. Seu principal hobby, na verdade, é deflorar meninas de boa família.

“A gente brinca que o Hal é o alter ego do Joe Orton. É um personagem muito ambíguo, em todos os sentidos. Essa brincadeira de opostos foi o que mais me atraiu nele. Mas também o que mais dificultou! Como juntar tudo isso? Parece que são várias pessoas em um cara só. Foi um trabalho muito pesado, mas a gente acabou entrando no clima dessa farsa”, lembra Pigossi.

Este é o quarto trabalho do ator junto à companhia, que já encenou “O Santo e a Porca” (2009); “As Eruditas” (2010) e “O Auto da Compadecida” (2012). “A Cia Limite 151 foi minha faculdade de teatro. Eu fiz um curso profissionalizante quando tinha 13 anos. Depois que eu me formei, eu fui direto para a televisão. Só depois da novela ‘Caras e Bocas’, que o Edmundo Lippi me chamou para trabalhar com teatro. Então foi com eles que eu aprendi o ofício na prática. Eles são a minha escola. É uma parceria na qual eu sou muito feliz e pretendo levar por muitos anos”, conclui o ator.

Fonte: Globo Teatro.

Um comentário:

  1. eu vou nesta peça minha amiga vera deu o convite pra mim que ele mandou o ator marco pigossi

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