Chance de de brilhar em "Gabriela"

Ator Marco Pigossi em Gabriela. Foto: Matheus Cabral
Apesar de novo, não é pouco dizer que o ator Marco Pigossi, 23 anos, está com sua carreira em franca ascensão. Desde que chegou à Globo, tem acumulado papéis de destaque e, graças ao seu talento, ganhou o reconhecimento dos autores da emissora, que o convidam com frequência para novos personagens em minisséries e, principalmente, novelas. Mais uma amostra desse crescimento profissional surge agora, com o personagem Juvenal Leal, no remake "Gabriela".
Marco estreou na Globo em 2004, na minissérie "Um Só Coração", onde viveu o estudante revolucionário Dráusio Marcondes. Em 2006, estrelou sua primeira novela na faixa das 18h, "Eterna Magia", onde interpretou Miguel Finnegan. No ano seguinte, interpretou o adolescente Bruno na minissérie "Queridos Amigos". Em 2009, transferiu-se para o horário das 19h, onde teve a chance de viver o homossexual Cássio, em "Caras & Bocas", de longe seu papel mais popular. Em 2010, interpretou um playboy no remake de "Ti Ti Ti". No ano seguinte, fez o mocinho com ares de vilão Rafael, em "Fina Estampa".

"Eu vim de uma novela das 6, duas da 7 e uma das 9. Agora, estou numa das 11. A grande diferença está no público. Novela das 9 todo mundo assiste, é incrível. O retorno do público também é grande. Às vezes, ser o protagonista da novela das 6 não tem tanta repercussão quanto ser coadjuvante numa das 9. Então, ficar no horário nobre depende do seu trabalho. Por isso, sempre digo que o próximo trabalho é sempre o mais importante", afirma o cantor num bate-papo exclusivo com o C2 em sua rápida passagem por Vitória, onde lançou o remake de "Gabriela".

- É verdade que você foi convidado para "Gabriela" quando ainda fazia "Fina Estampa"?

Sim. Ainda faltavam algumas semanas para o fim da novela quando recebi o convite. Não podia recusar. Antes de terminar "Fina Estampa" já estava fazendo os workshops da Globo para o remake. Fiquei emocionado com o convite.
 
- Os autores reservam atores muito tempo antes das tramas estrearem. Isso tem a ver com a falta de opções?

Não acredito que há falta de atores no mercado. Claro que, na televisão, as oportunidades são mais fechadas. Mas os autores veem nosso trabalho, gostam, e depois querem a gente atuando em suas produções. É normal.
 
- Qual é a sua relação com as obras de Jorge Amado?

Tenho uma relação muito forte mesmo! O primeiro livro que parei para ler, de verdade, quando tinha uns 14 anos, foi "Capitães de Areia". Me apaixonei, foi o livro que mais gostei. Depois, fui atrás de outras obras dele. "Gabriela" foi meu segundo livro e, agora, tenho a chance de fazer a versão para a televisão.
 
- Como trata-se de um remake, a pressão é ainda maior, né?

É uma grande responsabilidade, não só para mim, mas para todos os outros atores envolvidos no projeto. Quando soube que iria fazer a novela, fiquei muito animado mesmo. E ainda vou repetir a parceria com o Walcyr Carrasco (autor), com quem trabalhei em "Caras & Bocas".
 
- E comparações sempre existem...

Sem dúvida. Mas, essa é uma novela diferente. Uma outra "Gabriela" sendo contada, adaptada por um outro autor. Na verdade, é "Gabriela" contada mais uma vez, mas de outra maneira. A Globo tem acertado muito com esses remakes.
 
- Então fazer novelas mais curtas é o futuro da dramaturgia brasileira diante da competição com a internet, por exemplo?

Acho a ideia incrível. Uma novela, de 60 ou 200 capítulos, é sempre uma obra aberta. Como ela é exibida de terça a sexta, tem mais tempo para cuidar da produção, desde a incrível cidade cinematográfica montada no Projac até a edição dos capítulos. Acho que pode, sim, ser o futuro das novelas, principalmente hoje em dia, que tudo é muito mais rápido com a concorrência com a internet.
 

- E o horário das 23h também dá mais liberdade para o autor...

Sim. Hoje em dia, como posso dizer, tudo é censurado. "Gabriela" é uma história política e sensual, sem clichês. Então, essa "liberdade" que o horário oferece ajuda a contar a história da melhor maneira. Apesar de ser uma história mais enxuta, tem mais ritmo.
 
- Você será Juvenal, filho de um coronel. Fale um pouco da história dele na trama.

O Juvenal é filho de Amâncio (Genézio de Barros), braço direito do Coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes). Ele é um rapaz romântico, de uma família de costumes tradicionais. Mas, ele vai entrar em conflito com a família por ser comprometido e obrigado a se casar com Gerusa (Luiza Valdetaro). O Juvenal não concorda. Naquela época, casamento entre famílias ricas era muito comum. Como se isso não bastasse, ele também vai se apaixonar por uma prostituta, a Teodora (Emanuelle Araújo), do Bataclã.
 
- E como a família vai reagir diante dessa paixão proibida?

A avó de Juvenal, Laura Cardoso, além de respeitar muito as tradições, é beata da cidade. Aí, já viu, né? (risos) Ela lidera até um movimento contra as prostitutas. Então, vai surgir conflitos de interesses.

- Muito se fala de Ivete Sangalo como Maria Machadão, dona do Bataclã. O que você achou dessa escolha?

Ivete é muito simpática, é uma loucura aquela mulher. Se ela quiser, ela pode dominar o mundo. Além de tudo, é uma boa atriz, é impressionante. Ela sabe que está num território que não é o seu, respeita e se dedica. E essa comunicação direta que ela tem com  o público conta muito a seu favor. Poucos artistas têm isso. Me lembro que uma cena em que ela não diz nada, mas apenas com um olhar e Ivete conseguiu passar a mensagem, sabe?
 
- Além da TV, o que tem feito no teatro?

Estou em cartaz com a peça "O Auto da Compadecida". Inclusive, em agosto, eu retorno a Vitória com essa peça, no Teatro Carlos Gomes. Em setembro, estreio atuando e na produção de outra peça, chamada "O Saque", em São Paulo. É uma grande comédia inglesa. Depois disso, prometi para mim mesmo que não vou fazer teatro e novela ao mesmo tempo.
 
- Por quê?

Não dá, é muito difícil e cansativo. Às vezes, não tem como conciliar a agenda de gravação de uma novela com as encenações no palco. Além disso, o ator não consegue dar o melhor de si e fazer seu trabalho bem feito. Então, prefiro me dedicar a um trabalho de cada vez. É mais produtivo.
 
- Todo mundo comenta o sucesso de "Avenida Brasil", que está sucedendo muito bem outro sucesso que foi "Fina Estampa". Você tem assisto à novela?

Claro! Eu assisti ao primeiro capítulo com minha irmã e fiquei deprimido (risos). Eu virei para ela e disse: "Taí uma novela que eu também queria fazer". O texto é incrível. Tem uma história bem amarrada. Adriana Esteves é um monstro. Na minha opinião, os melhores personagens são os femininos.
 
- Os vilões sempre despertam mais atenção, né?

Como disse, novela é uma arte livre, aberta. Já comecei a fazer um personagem que seria vilão, mas diante da repercussão do papel com o público, acabou virando um mocinho. O contrário também existe. É um caminho natural.
 
- Tem algum autor com que gostaria de trabalhar?

Poxa, já trabalhei com a Maria Adelaide Amaral, ela é sensacional. Adoro seu trabalho. Também estou repetindo uma parceria com Walcyr Carrasco. Mas tem tantos outros, como o próprio João Emanuel Carneiro, de "Avenida Brasil", Manuel Carlos e Benedito Rui Barbosa.
 
- O que acha das outras emissoras investirem em novelas de forma mais consistente?


Quanto mais produções, melhor para os atores. É mais trabalho. Há muito bons atores que estão querendo uma oportunidade e não conseguem. Mas a concorrência é saudável. A questão é que é difiícil para um ator sobreviver de teatro no Brasil. É até engraçado, já que o teatro que dá as bases para o ator, mas é na TV que ele consegue visibilidade e, consequentemente, chama mais público para as salas de teatro.


Fonte: Gazeta Online.

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