Ator volta aos palcos em 'O Auto da Compadecida'


Os memoráveis Chicó e João Grilo estão de volta aos palcos 16 anos depois da última montagem da peça no Rio de Janeiro. Com as bênçãos de Ariano Suassuna, que autorizou uma nova encenação de “O Auto da Compadecida”, Marco Pigossi e Gláucia Rodrigues vão dar vida aos personagens, sob direção de Sidnei Cruz, da Cia Limite 151. Além do fato de Chicó ser interpretado por uma atriz, o espetáculo traz outras inovações: o espaço cênico lembra um picadeiro de circo, rodeado por três arquibancadas,  tendo o palco no meio, e o jogo de cena dos atores é inspirado nos brincantes dos folguedos populares. 

Na entrevista, Marco Pigossi revela a importância dessa peça em sua carreira, afirma que não teme comparações com Selton Mello e conta como será seu papel na nova versão da novela  “Gabriela”, que será exibida pela TV Globo em junho.  

Como surgiu a oportunidade de estrelar ‘O Auto da Compadecida’?
Tenho uma união com a Cia Limite 151 há dois anos. Fiz “O Santo e a Porca”, do Suassuna,  e “As Eruditas”, de Molière. Admiro muito o trabalho da companhia, que já está há 30 anos no mercado. Eles costumam montar clássicos, então é um grande privilégio trabalhar com peças desse nível. 

O que mais te atraiu neste projeto?
A oportunidade única de fazer o Chicó. Estou há quatro anos fazendo teatro e novela direto e queria descansar depois de “Fina Estampa”, mas não consegui recusar esse papel. O Ariano Suassuna é incrível, sou fã das obras dele e acredito que nunca mais teria a oportunidade de interpretar esse personagem. Ganhei muito como ator durante três meses de ensaio, seis horas por dia. Teatro é repetição, não tem outro jeito. Foi um processo muito intenso e enriquecedor. 

Você se inspirou em Selton Mello para criar o seu personagem? Teme comparações?
Acredito que não vai haver comparações porque “O Auto” para o cinema é diferente do texto original de Suassuna, ele agrega outras obras como “O Santo e a Porca”, então o personagem do filme não é o mesmo da peça, que foi toda montada com base no texto. É impossível não lembrar do Chicó do Selton, que fez um trabalho brilhante. Vi o filme há muito tempo e quando soube do papel, não quis assistir novamente justamente para não me influenciar. 

Para você, quem é o Chicó?
Não dá para falar dele sem mencionar o João Grilo. São parceiros inseparáveis com personalidades opostas. Enquanto o Chicó é covarde, o João é corajoso até demais. O primeiro é um sonhador, joga charme para as mulheres, já o segundo vive na realidade. É um cara que voa, não tem o pé no chão, chega a ser ingênuo, não bobo. É um sobrevivente. 

Você transita bem entre os gêneros comédia e drama?
Gosto dos dois, cada um tem sua dificuldade, mas fazer humor é muito gostoso. Os atores se divertem e passam essa alegria para o público, que volta leve para casa. O teatro é o meio mais democrático de transmitir algo para as pessoas. Esse texto é cheio de críticas à sociedade, mas faz tudo com muita espontaneidade. 

Como é sua relação com o teatro?
Comecei a estudar teatro com 15 anos e me formei dois anos depois. Foi nos palcos que comecei minha carreira e é pra onde adoro voltar. Acredito que no Brasil teatro e TV jogam juntos, um complementa o outro. Acho que todo ator deveria passar pelo palco. 

Vai tirar férias depois que a temporada teatral acabar?
Não, pelo contrário. Estou escalado para “Gabriela” e vou fazer junto com a peça. Serei Juvenal, filho do Coronel Amâncio Leal. É um jovem moderno, que chega à cidade querendo avanços. Ele é prometido para a personagem de Luiza Valdetaro, mas acaba se apaixonando por uma prostituta.

Fonte: Globo Teatro.

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